“Ainda estamos vivendo o luto da pandemia”, diz especialista

  • 28/04/2024
(Foto: Reprodução)
Para a psicóloga Erika Pallottino, um quadro de sofrimento prolongado se tornou a realidade de muitas pessoas Dois anos de pandemia e a trágica marca de 700 mil mortes. Em 2024, preferimos pensar que essa experiência coletiva traumática ficou para trás, mas não é o que acontece. A psicóloga Erika Pallottino, especialista em luto e perda e sócia-fundadora do Instituto Entrelaços, alerta para um quadro de sofrimento prolongado que se tornou a realidade de muitas pessoas: A psicóloga Erika Pallottino, especialista em luto e perda e sócia-fundadora do Instituto Entrelaços Acervo pessoal “A pandemia não acabou. Não para quem trabalha com luto. Tenho casos graves relacionados à chamada culpa do sobrevivente: idosos ou pessoas que faziam parte da população de risco que sobreviveram, mas perderam filhos, irmãos, esposos. ‘Por que estou aqui?’, é a pergunta que se fazem”. Pallottino explica que, em 2020, estudiosos já elaboravam hipóteses sobre a dimensão do impacto da pandemia na saúde mental – e o cenário continua preocupante em 2024. Na sua opinião, é indispensável que os profissionais de saúde investiguem como seus pacientes vivenciaram aquele período: “De acordo com a literatura disponível, para cada morte durante a pandemia, houve cerca de nove enlutados, foi um evento de enormes proporções. Além disso, ela impediu ou impactou os rituais de despedida, como velórios ou enterros. Esses são os espaços socialmente autorizados de expressão emocional, onde é possível contar e recontar a história das pessoas, e receber o apoio da comunidade. Tenho pacientes que agora, ao fazer a exumação do ente querido, estão realizando o ritual que gostariam de ter feito antes”. A especialista chama a atenção para um quadro de luto disfuncional, com características agudas, que atinge diferentes faixas etárias. “Foram dois anos de interdições. Adolescentes, por exemplo, foram impedidos de sair, de socializar, e as consequências serão estudadas pelos próximos anos”, avalia. Ela também aponta um crescimento do pensamento contrafactual, no qual os indivíduos imaginam alternativas de eventos passados, buscando desfechos diferentes dos que ocorreram – o famoso “e se eu tivesse feito diferente?”. “A terapia é um espaço de cuidado, de fala, de autorização da dor, de construção e desconstrução. Pensar sobre o que aconteceu nos ajuda a elaborar, mas é preciso estar atento para o risco de o processo descambar para respostas ruminatórias, que levam ao aumento do estado de ansiedade, melancolia e mal-estar”, afirma. Embora a chamada “terapia da dignidade” tenha sido criada pelo psiquiatra paliativista Harvey Max Chochinov como ferramenta para auxiliar pacientes no fim da vida, Pallottino a utiliza nos casos de maior sofrimento após uma experiência de luto, especialmente quando a pessoa deixa de ver sentido em sua existência: “O paciente conta sua história em sessões que são gravadas e depois transcritas, possibilitando o registro e a consolidação do seu legado. Construímos um documento que imortaliza aquela narrativa, com os momentos de dor e vitória. O fato de a pessoa escolher com quem vai compartilhar seu relato torna o momento ainda mais especial. Tenho me emocionado e me encantado com os resultados desse processo. Apesar da dor, fica claro que sua trajetória foi ampla de sentido. Isso ajuda o paciente a compreender que sua existência não é determinada pela perda sofrida”.

FONTE: https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2024/04/28/ainda-estamos-vivendo-o-luto-da-pandemia-diz-especialista.ghtml


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